O Que as Emoções têm a ver com as Aprendizagens

Tudo o que aprendemos ao longo da vida está intrinsecamente ligado a uma rede complexa de vias neurais, onde as emoções desempenham um papel fundamental. Nosso estado emocional, isto é, como nos sentimos em relação a cada nova aprendizagem, pode influenciar significativamente a maneira como processamos e retemos informações, seja de forma positiva ou até negativa. A conexão entre emoção e aprendizado começa antes mesmo do nascimento, em um estágio em que a interação com os pais, os sons e estímulos do ambiente materno já
começam a formar a base para as primeiras experiências sensoriais e emocionais.
Ainda na infância, as interações com o ambiente familiar — como os passeios no parque, as festas de aniversário ou até os desafios que surgem em momentos de tensão como gritos e brigas em casa — também são experiências que geram emoções. Essas emoções, em sua essência, se tornam marcos na nossa forma de aprender e reagir às novas situações da vida.
Pensando nas crianças menores, a aprendizagem inicial de habilidades cognitivas como leitura e escrita envolve um complexo processo de integração emocional, onde sentimentos de confiança, segurança e apoio desempenham um papel fundamental. Já para os alunos mais velhos, que enfrentam desafios que exigem maior autonomia, o processo de aprendizagem se torna ainda mais dependente da forma como as emoções influenciam o comportamento e o foco. Crianças e adolescentes, em especial, possuem um sistema nervoso em formação, e isso significa que as estruturas cerebrais ainda estão amadurecendo e, portanto, são mais suscetíveis às influências emocionais que recebem ao longo de suas experiências de vida.
Pense por um momento: como se sente hoje? Isso está impactando de alguma forma o seu trabalho, o seu dia, ou seu relacionamento? Esse fenômeno não se limita apenas ao aprendizado acadêmico, mas se estende a todas as áreas da vida, como a do trabalho, relacionamento e lazer por exemplo. O que sentimos afeta diretamente nossa capacidade de tomar decisões, resolver problemas e até interagir com outras pessoas. Para os adultos, entender e gerenciar suas próprias emoções pode resultar em uma maior eficiência cognitiva e até mesmo em um aumento da qualidade de vida, pois é possível perceber que muitas das dificuldades de aprendizado ou de resolução de problemas estão ligadas a um estado emocional específico.
Agora, se voltarmos ao universo das crianças e adolescentes, vemos que eles, por ainda não terem completado a formação de algumas estruturas cerebrais importantes, como o córtex pré frontal, são particularmente mais vulneráveis às influências emocionais. Nesse sentido, o apoio emocional contínuo e um ambiente seguro e acolhedor são essenciais para o desenvolvimento das suas habilidades cognitivas. O sistema neural das crianças e adolescentes ainda está em constante adaptação, e isso implica que suas reações emocionais podem ser mais intensas e, ao mesmo tempo, mais impactantes para o seu processo de aprendizagem.
Em muitas situações, as crianças e adolescentes não conseguem identificar ou expressar adequadamente suas emoções, o que pode resultar em comportamentos desafiadores e dificuldades de aprendizado. Portanto, a educação emocional deve ser incorporada ao processo de ensino-aprendizagem. Ensinar as crianças a reconhecerem e a nomearem suas emoções, e, mais importante, como gerenciá-las de forma saudável, pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar a eficácia do aprendizado. Além disso, quando as emoções são bem administradas, os alunos tendem a demonstrar uma maior disposição para enfrentar desafios, uma característica essencial para o aprendizado ao longo da vida.
Analu Fogaça
Psicopedagoga – ABPp 1406